segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 0 comentários

“Depois dessa viagem” – last chapter

Dia 15 de janeiro, embarquei novamente para Brasília, passar o que restava das minhas férias vivendo a validade que ainda restava de uma paixão.

Nos dias que fiquei no Rio e ele em Brasília, a troca de mensagens era freqüente: sempre muito carinhosas, cheias de promessas, cheias de esperanças, cheias de comprometimentos... Mas cheias da realidade que ele, nada romanticamente, insistia em reforçar “... se tiver dor de cabeça (nessa relação) to fora”. A dor de cabeça dele? As minhas saídas. Devo dizer que eu o entendo, e vocês também vão: pensem no concurso mais pica que existe nesse país; então, ele está estudando pra esse concurso, e quer muito passar nele. Ta estudando que nem um louco, disciplina oriental, desvio ZERO do foco. Agora vocês imaginam ter que dividir seu tempo de estudos preocupado se a doida solta no RJ ta saindo com outros caras? Sim, porque essa era a preocupação dele. “Mas você não confia em mim?” “Não! (sorriso resignado)”. Ta, né? O que eu poderia fazer? Quer dizer, estava fazendo tudo que eu podia fazer, de verdade. Quando fui pra Brasília, na primeira vez (que deveria ter sido a única!), meu comportamento foi – segundo ele – super diferente de quando eu estava no Rio: “você diz onde vai, com quem vai, diz como foi, está mais atenciosa...” Ele estava se sentindo mais seguro, e teve dúvidas em “terminar comigo”. “Antes de você vir pra cá, eu pensei em terminar tudo assim que eu embarcasse pra Porto Alegre, mas você mudou tanto... que agora eu não sei o que eu quero, to confuso”. Bom, vamos voltar à narrativa principal.

Ainda no Rio, com a minha família toda aqui, as saídas eram constantes: praia, restaurante, lanche com as crianças, cinema, sambinhas. Das duas vezes que eu saí com o pessoal pra um samba e comentei com ele que iria, ele se mostrou bem tranqüilo... “Não, vai sim. Se diverte com a tua família”. Na sexta-feira antes da minha viagem, quando eu disse que iria à festa de uma amiga, no Teatro Odisséia, o discurso foi outro. No dia seguinte, sem bateria no celular, ele não fez questão de carregá-lo. Tentei falar o dia inteiro com ele, e não conseguia. Eu estava arrumando minha mala sem saber se deveria continuar, porque a pessoa me resolve sumir um dia antes da minha viagem! Quando consegui falar com ele e disse que não sabia se deveria continuar a arrumar a mala ele disse “Gabi, se não quiser arrumar, não arruma!” “Oi? Repete?”. Não lembro se ele repetiu. Acho que fiz questão de esquecer. Sair com a família é uma coisa, sair com os amigos é outra! Por quê????????????????????????????? Com a minha família eu sou santa e com os amigos eu sou.... pecadora (pra ficar só nos antônimos)? Mas não era hora pra entender, em menos de 24 horas estaria, mais uma vez, num avião. Preferimos não discutir.

Cheguei no aeroporto e como o vôo estava adiantado, fiquei alguns minutos esperando por ele no local combinado. Eu estava falando com uma amiga no telefone quando ele chegou. Me encheu de beijos, perguntou se eu estava há muito tempo esperando, me abraçou com saudade. As trivialidades dos dias não interessam, na verdade, era tudo como se fôssemos namorados e eu tentava ardorosamente não pensar num fim, no fim; me forçava a aproveitar os poucos momentos que poderíamos ficar juntos, e fazer tudo que eu tinha planejado, e falar tudo que eu tinha planejado, e me controlar tudo que eu tinha me prometido. Aquele era meu momento de eternizar um convívio que tinha data para acabar. Um convívio físico e emocional. Como se vive uma paixão, como se faz amor e se toma banho de banheira com espumas juntos, como se comemora um aniversário e se toma café juntos todos os dias, sabendo que – naquelas trocas intensas e infinitas de olhares – os dois estão se dizendo em silêncio que aquilo vai acabar? Eu sei que no meu silêncio, o meu olhar procurava desesperadamente no dele algum indício de que não precisava acabar. Mas acho que os olhos rasgados dele só conseguiam me dizer, com resignação, que a vida é assim mesmo; e eu sem saber o que ele procurava nos meus.

Planejamos sair com os amigos dele, fazer uma aula de dança juntos, ir ao cinema, ver filmes que ele queria que eu visse. Não fizemos quase nada disso, o que não tira a delícia que foi conviver com ele, dormindo e acordando todo dia junto, e ficar com ele o resto do tempo que lhe sobrava. Eu fui pra lá sabendo que ele estudaria todos os dias de 9 da manhã até as 7 da noite, mais ou menos, fora os dias que ele teria aula. E querem saber? Valeu a pena.

Numa sexta-feira eu dei um tiro no pé. Não literalmente, mas talvez tivesse doído menos se fosse. Brigamos, e pela primeira vez tocamos diretamente e sem rodeios no assunto “e depois dessa viagem?”; e pela quinta vez descobri que aquele menino tão mais lindo, com aqueles olhos rasgados, um sorriso enigmático e nome de deus era incomoda e humanamente real. “Depois dessa viagem, acabou, Gabi. Já sabíamos que seria assim. Você tem sua vida no RJ, sua vida de solteira, e nesse momento não posso e não quero me preocupar com o que você ta fazendo lá. Queria muito que desse certo, eu tentei, você tentou, mas não dá. Talvez agora não seja o momento, como não foi o momento dez anos atrás. Eu sei que eu disse que queria ficar com você, mas não dá, a gente ta vendo que não dá.” A frieza, a aceitação e a racionalidade dele sempre mexeram muito comigo. Ele sempre falou muito sereno que se a gente desse certo, bem, se não, tudo bem também. E que não adiantava se lamentar por isso, faríamos o que estivesse ao nosso alcance. Logo pra mim, que sou toda coração, adoro um drama, amo chorar em filme (sozinha), me torturo ouvindo mil vezes a mesma música pra me lembrar de como foi bom, ou de como foi ruim... logo pra mim, “que não sei voar com os pés no chão”. A conversa terminou com um “tudo bem, não posso lamentar por perder algo que nunca foi meu” e o olhar eternamente resignado dele.

Nesse dia dormimos juntos, e foi uma delícia como sempre.

No dia seguinte, sábado, combinamos de nos encontrar num samba onde eu estava com minha família e amigos. Ele chegou lá umas 18h, dançamos, curtimos e, no final, quando o grupo já tinha até ido embora, brigamos mais uma vez. O que aconteceu foi o seguinte: eu estava dançando, vi um espaço maior pra dançar e fui dançar nesse espaço. Meu azar: tinham cinco caras atrás de mim e eu não os vi. Vi depois que ele, já putíssimo da vida, virou meu rosto na direção dos caras “Porra, Gabi! Ali, oh, ali!!!”. Com a merda já feita, eu resolvi ligar o ventilador e jogar na cara dele a briga do dia anterior e outras cositas màs. Nesse dia ele disse que não queria dormir comigo, que eu fosse pra casa da minha madrinha ou de uma amiga, que ele estava cansado de fingir que nada acontecera, e que ele não ia ignorar os desentendimentos recentes; que esperássemos a poeira baixar para conversar. Vinte e três dias depois e pelo visto a poeira ainda não baixou.

O que se passou depois disso foi mais briga, mais estresse, e a recusa dele de ir deixar a minha mala na casa da minha madrinha no domingo porque ele teria “que atravessar a cidade...”. Mas, como quem tem amigo, não morre pagão, pedi pra um amigo fazer uma viagem infinitamente maior que a dele, me buscar, me levar lá e me trazer de volta. Ele fez, e muito feliz da vida, devo acrescentar. À noite disse a ele que anteciparia minha passagem, ao que ele respondeu “é... talvez seja melhor. Estamos nos desgastando; não quero briga, discussão, estresse, e é muito pressão pra cima de mim – é onde estamos agora. Talvez seja melhor a poeira baixar para conversarmos. Pode ser que eu me arrependa de não te pedir pra ficar, mas eu não tenho condições de ignorar tudo agora”. No fundo, lá no fundo, eu ria daquela situação ridícula por não estar conseguindo acreditar!!!! Queria falar “poeira de cu é rola, meu amigo! Eu viajei 1200km pra você querer esperar a poeira baixar? Você ta me zuando? Você é louco?”. Mas, como sempre, eu só disse aquelas babaquices que só mulher sabe dizer diante de um ser tão especial “esperava que você me pedisse pra ficar”. Ele não pediu, eu não insisti (muito). Na terça estava de volta ao Rio, tendo feito uma viagem de merda, num humor de merda, numa auto-piedade de merda, chorando litros desde a hora que eu entrei no avião até desembarcar nesse Rio de Janeiro quente como o inferno!

Antes de volta, porém, eu quis ter uma última conversa com ele. Marcamos de almoçar no shopping para desfazer aquele climão bosta que havia ficado. Eu fui muito tranqüila e muito serena ao dizer pra ele que sentia muito pelas enlouquecidas que eu havia dado; que eu não queria que ele ficasse chateado, e que eu gostava muito dele. Que aqueles dias haviam sido especiais, e que eu sempre teria muito carinho por ele. Ele disse quase as mesmas coisas, mas estava muito reticente, muito distante; ele disse que estava sem jeito, que não estava confortável, que estava estranho depois de tudo que havia rolado. A essa altura eu já tinha parado de tentar entender aquela alma que se dizia tão apaixonada e que era incapaz de me pedir pra ficar. Fomos embora, ele me pediu para não dizer pras minhas amigas o que ele falava delas, ou que dissesse sim pra elas maneirarem nas loucuras; disse pra eu me cuidar, focar no meu trabalho, que eu não me metesse em confusão. Sabe quando a pessoa que te dá um fora diz “se cuida, não vai fazer besteira, você sabe que eu gosto de você” e no fundo você tem consciência de que ela está CAGANDO? Mas é o protocolo, sigamo-no!

E desde então a gente não se falou. Apenas uma vez, depois de cinco tentativas de falar com ele no telefone, duas pelo skype e duas por mensagem sem ele atender ou responder. Mas eu não sou idiota, e dei um jeito de ele saber que eu SABIA que ele estava vendo todas aquelas tentativas de contato, e aí ele atendeu. Perguntei se ele havia achado minha carteira de motorista, que só poderia estar (e sei que ainda está) na casa dele; ele disse que – apesar de eu ter pedido isso na terça que fui embora – mais de uma semana depois ele ainda não tinha procurado... Meu nível de indignação já estava como?

Dei um mole absurdo dizendo que estava com saudade, e ele respondeu – sempre muito caloroso – “tá... tá bom”. Mas como o respeito já tinha ido pro caralho, e eu já tinha desembolsado mais de 100 R$ por conta da tal poeira, foda-se, né? Ta no fundo do poço, abraça a Sâmara: “E você? não ta com saudade?”. O que ele respondeu foi uma mistura de gagueira com surpresa, acho que ele não esperava que eu tivesse tão pouco respeito por mim. Nem precisa dizer o que ele respondeu, né?

Hoje? To vivendo cada lembrança e desgastando todos os momentos – bons ou ruins – na minha cabeça. Me forço a pensar nele, a sofrer, a chorar, porque eu quero exorcizar essa pessoa. Respeito-o demais para não fazer o que ele me pediu: esperar a p*%%@ da poeira baixar, ficar um tempo sem se falar “porque é normal, já que terminamos”,e não forçar uma situação. To na minha, não ligo, não mando mensagem, não coloca recadinho idiota no facebook (coisa que eu faria certo há um tempo atrás). Tenho certeza de que se eu fizesse qualquer uma dessas coisas ele ficaria ainda mais puto comigo. Vivo com a minha saudade do meu jeito, se ele souber dela, isso não vai fazer com que ela diminua. Não procuro – revirando todas as palavras dele – um indício de que voltaremos. Não procuro entender que tipo de paixão era a dele. Na verdade, um dia me toquei de que não adiantava lamentar o término; eu estava há sete anos num relacionamento super infeliz, e me contentava com o fato de que só viveria uma verdadeira paixão nos meus sonhos. Quantas vezes não ia dormir pensando como seria maneiro poder fazer isso ou aquilo, sem, no entanto considerar a possibilidade de terminar meu namoro? Eu estava conformada de que aquela seria a minha vida pra sempre, e eu queria aquilo. Quando eu me dei conta de que aquilo que eu estava vivendo com aquele menino lindo era como uma segunda chance, a concretização literal de um sonho eu simplesmente não acreditei. Foda-se que não deu certo, sabe? Pelo menos eu vivi, vivi uma parada que eu achei que nunca fosse viver, por escolha minha mesmo, e foi bom pra cacete!

Lógico que às vezes bate uma bad horrível. Paciência, é o resquício que fica de uma parada extremamente foda. E entendo porque está difícil de esquecer: de todas as pessoas por quem me apaixonei, todas foram esquecidas porque eu ficava com outras pessoas, principalmente porque eu tinha vontade, o que consequentemente me ajudava a esquecê-las. Gostava de um menino que me ex me ajudou a esquecer; o próprio menino lindo me ajudou a esquecer aquele ex com nome de jagunço, lembram? Entre outros... Mas, e o menino com nome de deus? Quem me ajuda a esquecer? Porque nem ânimo de sair mais eu tenho, quero mais ficar em casa, sossegada, e homem nenhum na rua me interessa: olho todos e penso “blergh! Não te quero, não”. O menino lindo e de olhos rasgados, estou tendo que esquecê-lo sozinha; sou eu e todas as lembranças BELÍSSIMAS pra esquecê-lo. E por isso que esta sendo tão difícil: esquecer sozinha, e esquecer só tendo coisa boa pra lembrar.

Eu não estou triste, de verdade! Sem essa preocupação de namoradinho, ficandinho, paquerinha, bla bla bla, to tendo todo o tempo do mundo pra me dedicar ao meu trabalho, que estou gostando como nunca, e a mim – estudando, malhando, enriquecendo o espírito. No fundo, não se preocupar em falar a coisa certa, na hora certa é um alívio muito grande.

É claro que eu sinto falta dele e queria muito estar com ele ainda. Mas também sei que esse meu “retiro espiritual” das gandaias da Lapa e das bocas desconhecidas, esse meu retiro forçado dele mesmo, só me reservam algo muito maneiro...será?

domingo, 29 de janeiro de 2012 0 comentários

"Vamos ver"

Hoje parei pra pensar que escrever com o corpo quente, com a mão quente e, principalmente, com o coração quente não nos dá a garantia de uma narrativa objetiva. Muito pelo contrário, a inquietação ou a euforia do momento comprometem um relato claro. Tanto que gostei muito mais da postagem “Alive” do que da que veio logo depois. É que o corpo ta quente, a mão ta quente, o coração fervendo... e esse tempo frio do RJ vai me dar febre... “Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir” (Fernando Pessoa).

Em dezembro fui pra Brasília. Ele me esperava no aeroporto e só um sorriso largo daquele poderia ter sido visto pelos meus olhos com 1 grau de miopia. Só se viam o sorriso e o casaco branco da Adidas. Respirei fundo e pensei “finalmente!”. Tentei manter o ar “cool”, de “ok, vamos nos divertir, o que tiver que ser será”, mas vê-lo de novo me encheu de esperança de... não sei... não sabia o que eu queria. Será que eu estava pronta pra levar um relacionamento a distância? Será que eu estava pronta pra levar um relacionamento? Eu estava tão envolvida com a minha vida de solteira que não sabia se estava disposta a abrir mão de vez dela. A essa altura eu já percebia que ele não suportava as minhas saídas (das quais ele sabia todas), tinha medo de alguma coisa, desconfiava da minha fidelidade – segundo ele, houve histórias estranhas, que não batiam. Sinceramente? Aquilo me fodia a paciência. Essa era a grande verdade. Eu estava saindo sim, me divertindo sim, bebendo sim e me comportando muito bem, obrigada. Queria ficar com ele, adorava as mensagens dele, e hoje eu penso que me apaixonei pela ideia de me apaixonar por ele: lindo, educado, inteligente. Quem não quer ficar com um cara desses? Mas as desconfianças, e as viagens que ele dava quando achava que eu estava aprontando me fizeram ver, pela quarta vez, que o menino lindo, sorriso largo e nome de deus era real. Estava inseguro como eu sou, tinha ciúmes como eu tenho, falhava como eu sempre falho, cedia muito pouco como eu não cedo nunca. Enfim, tinha as pirações dele... como eu carrego pra onde for as minhas. Mas eu queria aquilo. “Vou arriscar, vou me entregar, paciência se não der certo. Eu quero isso. Quero viver isso. Se vou magoar ou me magoar, só espero que doa pouco.”

Eu sou irracionalmente apaixonada. Sou dada a loucuras, e vou me render à Clarice “não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão...”. Então, como era de se esperar, acho que eu sempre soube disso, eu me entreguei – aos poucos, com cuidado, tateando o terreno, sentindo a desconfiança dele pairar sobre cada “também quero ficar contigo” – me joguei de cabeça sabendo que lá embaixo havia apenas um filete de água. Fui eu “com meu coração de fiador” nessa história que só pela protagonista já estava anunciadamente fadada ao....

Os dias em que ficamos juntos foram dolorosamente maravilhosos. Não tínhamos previsão de nos vermos tão cedo, e o “vamos ver se vai dar certo” dele me inquietava. Um dia, acho que foi numa terça, estávamos deitados, eu estava nos braços dele e o coração deu aquela apertada “Essa merda toda vai acabar, cara... como eu faço mesmo pra parar aquele relógio?”. Levantei com os olhos marejados, ele perguntou onde eu ia e eu falei que ia ao banheiro. Deixei uma porcentagem daquela angústia sair em uma ou duas lágrimas e voltei pro quarto.

Um dia brigamos. Vi umas mensagens estranhas de uma garota. Não, calma. Sejamos justos. Eu não vi as mensagens. Eu aproveitei que ele tinha ido ao banheiro, peguei o celular dele, liguei e procurei por mensagens. É. Eu fiz isso. Se eu tenho orgulho? Não. Se faria de novo? Não sei. Sei que fiz e achei – “só é corno quem procura”, diria uma amiga minha um tempo depois. Eu senti meu corpo todo esfriar, liguei pra uma amiga desesperada sem saber o que fazer. E sabem de uma coisa? Não foi a possibilidade de ele ter ficado com outra no meio da história Rio-Brasília – sim, porque ele dizia que não ficaria com ninguém, mal saía, tinha outras preocupações, “não sou igual aos caras que você conhece” – que me inquietou. Foi exatamente a imagem de bom moço que ele vinha pregando de si mesmo... E eu não queria acreditar nela, mas ele era tão convincente e eu tão trouxa que acreditei. “Não vou ser enganada nessa história. Ele vai ter que comer muito arroz com feijão pra me dar a volta”. Quando ele voltou pro quarto eu nem respirei e perguntei quem era fulana. Pronto. O menino lindo, de olhos rasgados e sorriso largo estava tendo a primeira prova de que eu era irremediavelmente louca.

O final da conversa vocês já sabem: ele disse o que tinha pra dizer e no final eu resolvi acreditar. Ponto superado.

O resto dos dias se seguiram gostosos... Até que dia 21 ele viajou pra Porto Alegre, passar o natal e o ano novo com a família. Continuei em Brasília, e continuamos com as mensagens fofas.

Voltei pro Rio, passei um ano novo bizarramente doente e, a essa altura, já estava pensando em voltar a Brasília para vê-lo de novo. É, galera, de novo! E fui. Dia 15 estava eu lá, morrendo de paixão, de tesão, de tudo pelo menino lindo. Olhos rasgados. Sorriso largo.

sábado, 28 de janeiro de 2012 0 comentários

Na postagem “Alive”, disse que eu vinha num ritmo frenético de saídas. Saía demais, com duas grandes amigas. Íamos pra Lapa jogar conversa fora ou pra algum lugar específico ouvir um sambinha. Eu trabalhava o sábado inteiro, acordava às 6:30 e chegava em casa 20:00 – dou aula num pré-vestibular. Mas de noite eu ainda tinha pilha pra sair.

Lembram do menino lindo, de olhos rasgados, sorriso largo e com nome de deus? Lembram que eu o achei no facebook, logo depois de terminar meu namoro? Então. Achei-o no face em agosto, nos falávamos algumas vezes, e o papo como sempre fluía bem demais. Até que um dia eu perguntei a ele quando viria ao Rio me visitar, e ele disse que estava muito a fim de vir mesmo conhecer a cidade. Tocamos no assunto de vez em quando, e ele dizia que iria a Porto Alegre ver a mãe e depois passaria aqui no Rio. Acabou que ele veio direto pra cá. A princípio eu pensei “Ah, ele vem pra cá, a gente se curte, e só”. Ele morava em outra cidade (ele havia se mudado pra Brasília), e continuava lindo demais, com olhos rasgados, sorriso ainda maior para estar sozinho. “Deve ter uma fila...”.

Ele vinha pra cá em outubro; chegaria numa sexta e iria embora na segunda. Nossa, eu nem tava acreditando que estava vivendo aquela situação. Não só por reencontrá-lo e, dali a pouco ficar 4 dias com ele, mas por estar com outra pessoa que não o meu ex. Tudo era muito novo, e eu estava curtindo demais viver aquela expectativa de ficar de novo com aquele menino lindo...

Nos falamos até o dia de ele vir pra cá; muita expectativa, muita promessa. A essa altura já trocávamos mensagens, digamos, intensas e eu já não agüentava mais esperar por outubro!

Eis que dia 20 ele chegou. Acordei mega cedo, ele esquecera o celular em Brasília então nem pude falar com ele pra saber em que aeroporto ele estava. Ele chegou aqui no meio da manhã. Como dez anos fazem BEM a uma pessoa. Eu sentia a Gabi de 16 anos querendo sair de mim, pular no pescoço dele, dar gritinhos de felicidade. Mas eu era outra e, no fundo, estava descrente de qualquer relacionamento – por mais passageiro que ele pudesse ser. Quando desci para buscá-lo, botei um sorriso no rosto (desses que você se acha a Angelina Jolie com um ventilador fazendo o cabelo voar), controlei meu andar pra não tropeçar, estava me sentindo poderosérrima e, quando ele chegou... soltei uma piada cretina! “Nossa, vai ficar um mês? Pra que essa mala gigante????????????”. Eu já estava no meio da frase quando me toquei da idiotice que estava falando; mas eu já tava no meio da frase, paciência. Na hora eu pensei “GAROTAAAAAAA, cala essa boca, velho!!!!”. Ele riu.

E os dias que se seguiram foram, nas palavras dele, “intensos”. Saímos com meus amigos, saímos sozinhos, ele conseguiu me levar ao Pão de Açúcar – passeio que eu jurei pra mim mesma que nunca faria –, até um desentendimento rolou. Claro, que relacionamento de Gabriela não tem desentendimento? Mas no geral foi ótimo. Eu estava vivendo uma paixão de adolescência, sem – no entanto – estar apaixonada. Não estava mesmo. Eu estava curtindo, adorando a companhia dele, aproveitando cada minuto que ele estava lá. Sentia que a Gabi de 16 anos estava muito mais feliz que a Gabi que tinha rasgado planos, casamento, filhos, futuro. O futuro pra mim não existia mais; não fazia planos para mais de uma semana. E quando ele fosse embora, pronto, voltaria à minha realidade e a dívida com a minha adolescente estaria paga. Mas como praga de mãe pega, como a vida adora dar uma sacaneada na gente, como Deus também às vezes acorda de ovo virado e te escolhe pra fazer uma pegadinha, como “quem manda nessa porra sou eu!” eu comecei a me envolver... E ele também.

Eu vinha tão bem sozinha, na minha, sem querer me machucar, alheia ao coração alheio. Mas, sinceramente, eu não acreditava que ele estivesse envolvido. Não mesmo. Acho que é porque no fundo eu não me ache lá grandes coisas e porque, convenhamos, ele continuava lindo, com os olhos rasgados, sorriso largo e um nome que já na saía mais da minha boca.

Ele disse que ia adorar ficar comigo quando eu fosse pra Brasília no final do ano, mas que se fosse pra eu continuar na minha vida de solteira (leia-se “ficando com outros”) ele iria preferir não ficar trocando mensagens fofas. Sim, porque a essa altura já trocávamos mensagens de “estou com saudade”, “queria você aqui”. Eu estava começando a me apaixonar por uma pessoa que – quando vi a primeira vez – não achei que fosse real. E eu infringi a regra básica dos ultrarromânticos.

Eu topei. Não ficava com outras pessoas, mas não deixei de sair, de voltar tarde, de sair sempre. E de alguma forma isso o magoou. Não sei o que ele estava achando; sei que ele ficou chateado comigo, dizia que eu queria ficar com ele mas sem deixar minha “vida de solteira”. Eu não entendia nada daquilo: “Porra, se eu não to ficando com ninguém, qual é a neura????”. E ele dizia que não queria complicação, não queria confusão, briga, porque ele estava num momento da vida dele em que ele não precisava disso (sim, NINGUÉM precisa dessas coisas seja que momento for que você esteja vivendo, vamos combinar). Enfim.

Ele me chamava de paixão, e eu dizia que ficaria com ele até quando ele me quisesse. Ele dizia que não queria só diversão comigo, e eu achando que aquilo estava muito bom pra ser verdade.

Fomos levando esse “relacionamento” até eu ir pra Brasília em dezembro. Até lá, entre carinhos e mensagens fofas, discutimos algumas vezes, foi bem desgastante.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012 0 comentários

A mim, de 10 anos atrás.

Começo esse post citando a mim mesma (vai, ego, voa mesmo porque esse mundo ta pequeno pra você): “Porque tudo passou: paixão de adolescência, raivas, sentimentos bons... passaram.” Então esse é meu tópico de hoje: paixão de adolescência. Delícia reviver esses momentos em que você sentia o coração parar, a boca ficava seca, você mudava o jeito de andar de tanto que as pernas tremiam; você falava enrolado e sem parar porque o nervosismo não deixava que os pensamentos se organizassem antes que se materializassem em som. Sou perita nisso: pelo menos uma vez por mês, me apaixonava para sempre por alguém. Geralmente era um imbecil, mas que só me tinha essa condição revelada mais tarde. Estou tão feliz de compartilhar isso com vocês, porque eu paguei uma dívida comigo. Aviso que o final (bom, pelo menos eu acho que é o final) não é feliz. Lembrem-se: quem vos posta é uma alma atormentada, ciumenta, possessiva, desconfiada. E personagens assim só merecem ser felizes em Hollywood.

Bom, eu tinha 16 anos. Minha mãe fazia tai-shi numa academia na Asa Norte (sou de Brasília, lembram? Isso explica MUITOS dos meus traumas... brincadeirinha). Não lembro bem como nem o porquê, mas decidi fazer aula com ela. Cheguei na aula, tinha uma galerinha nova, mas eu fazia a aula com a galera mais velha. E quando eu me dei conta, tive uma visão de outro mundo (tenho que fazer um adendo: essas eram as minhas impressões de quando eu tinha 16 anos. To tentando reproduzir exatamente o que senti naqueles momentos, mas não sei se conseguirei ser tão intensa). Quem era aquele garoto lindo, de olhos rasgados, sorriso largo e, descobriria mais tarde, com nome de deus? Filho do professor (que era dono da academia). Filho do professor. FILHO DO PROFESSOR, CARA. Eu tipo o veria todas as aulas? Ele tipo tava fazendo as aulas? Eu lembro, juro que lembro, de ter perdido um pouco o ar. Mas recuperei. E descobri que ele era real, pela primeira vez. Como ele falou comigo, como ele se apresentou, o que foi falado nas aulas, eu não lembro. De verdade. Sei que falava dele pras minhas amigas sempre, todo dia seguinte das aulas: “Ai, ele é tão lindo! Tão lindo! Ele é educado, e o sotaque de gaúcho? Meu Deus! Certeza de que aula que vem eu vou enfartar. Certeza!!!”. E o semestre segui-se. Ele conversava comigo todas as aulas; no final delas, a gente ficava batendo papo; certamente eu falava várias merdas de adolescente, mas lembro que já tinha uma paixão que até hoje carrego, que é o Red Hot Chili Peppers. E comentava com ele sobre isso.

Enfim. Um belo dia descobri que ele pegara uma lambisgóia, magricela irmã de um dos garotos mais flexíveis da academia. QUE ÓDIO. Como assim aquela coisa linda, com cara de bom moço ficou com aquela garota???? Meninos lindos com cara de bom moço não ficam. Eles namoram. Eles cortejam a amada, beijam-lhe a mão, pedem-na em namoro e, mais tarde, porque seus corações não podem suportar a dor da distância, pedem-na em casamento. Qual era a dele de fugir do ideal que eu fazia dele? Injusto! Mais injusto ainda era eu ter descoberto pela segunda vez que ele era real. Meninos na idade dele ficavam, oras! Merda de mundo moderno. Bom, sei que fiz uma ceninha como sempre faço, fiz drama e chorei como se o mundo me tivesse tirado a oportunidade de casar com o meu príncipe encantado. Fiz, mas às escondidas: só teria oportunidade de mostrar a ele o quão louca eu sou mais tarde... bem mais tarde.

Aconteceu de, um dia, ele me chamar pra ir ao cinema. Antes de aceitar o convite eu tive que pegar meu coração que, estranhamente, havia pulado de dentro do meu peito e saído correndo soltando serpentinas. Aliás, ele me chamou pra ir ao shopping eu acho, porque não fomos ao cinema nesse dia. Agora não lembro mais, sei que ele me chamou pra fazer alguma coisa, e eu teria aceitado um convite para inseminar vacas. Ele valia a pena.

Coloquei uma roupa escrotérrima, uma blusa verde, linda, mas que era pra sair à noite. Isso com o aval e incentivo da minha mãe e da minha madrinha. Fomos ao shopping. Uma amiga do pai dele, não sei porque diabos, estava com a gente! Mas ela não ficou andando no shopping com a gente. Aliás, eu nem lembro o que fizemos naquele dia no shopping. Só me lembro que tiramos fotos naquelas máquinas em que a foto sai na hora. Duas ficaram pra mim e duas pra ele. E foi só. É, galera, voltei pra casa sem ter dado um beijo na criatura, sem ter conseguido sequer insinuar que eu queria um beijo. E ele parecia tão tímido... o que aumentava ainda mais meu tesão.

Voltei pra casa e, ao abrir a porta, a cara de expectativa da minha mãe e da minha madrinha até hoje me fazem cair na gargalhada. “Tsk... não rolou nada!”. Acho que fiquei com raiva...

E eis que ele voltou pra cidade dele: Porto Alegre. Não lembro se mantivemos contato. Também não lembro se eu quis me matar porque o grande amor da minha vida tinha vazado. Sério, minha memória não é minha melhor amiga.

Dois anos se passaram. Era junho/julho de 2003. Amigos, eu estava numa fossa BIZARRA, queria morrer – obviamente por causa de um idiota, com nome de jagunço. Minha mãe havia viajado pro Rio e o pai do meu irmão estava lá em casa pra tomar conta da gente. Eu digo “fossa”, mas acho que estava um pouco em depressão: eu não queria sair de casa, não comia o dia inteiro, acordava e ia dormir chorando. E alguns dias se passaram quando meu telefone de casa (ou o celular) tocou. Eu parecia um zumbi ao sair do quarto da minha mãe e ir atender ao telefone. Atendi e era ele: o menino lindo, de olhos rasgados, sorriso largo e com nome de deus (por favor, imaginem a fala com o sotaque de gaúcho): “Gabi? Tudo bem? To em Brasília, quer sair?”. Eu tive alguns segundos de gagueira, quis me jogar no chão – já que a janela do meu quarto tinha grades – quis gritar pra lambisgóia, magricela que ele estava ligando PRA MIM, e não pra ela, mas só disse “Nossa, claro!”. E desde esse momento em diante eu ESQUECI o idiota com nome de jagunço. Sério, hoje eu rio dessa situação patética. Como assim eu chorava por um camarada e minutos depois eu sequer lembrava da existência dele?

Isso era início da tarde, e combinamos de irmos ao cinema no início da noite. E daí? Comecei a pensar na roupa, no cabelo, no perfume, no sapato naquela hora. Peguei o espelho enorme da minha mãe, coloquei no meu quarto e comecei a experimentar todas as minhas roupas, todas as roupas dela (roupas, claro, de night, de boate, porque eu sempre fui sem noção). Mas acho que me vesti como uma adolescente de 18 anos. Eu ACHO!

Ele foi me buscar em casa, fomos ao cinema ver “Haloween h20”, aquele do Michael Myers – pois é, escolha SUPER romântica. No cinema não rolou nada além de chocolates dados na boca... De lá fomos comer pizza no Primo Piatto, mas assim que saímos do carro, antes de caminharmos em direção à pizzaria, ele chegou em mim do jeito mais desajeitado do mundo!!! E isso foi lindo. Ficamos. Estava eu ali, no meio de uma entrequadra, beijando e sentindo pela terceira vez que o menino lindo, de olhos rasgados e com nome de deus era real.

Na volta ele me deixou em casa. E eu já estava treinando para ser a melhor da melhor do mundo em conversar durante HORAS com meninos lindos: ficamos muito tempo conversando na porta da minha casa, rolava um beijo ou outro, mas conversamos bastante. E, certa hora, ele virou pra mim e disse – todo sem graça, todo sem jeito, morrendo de medo de que eu entendesse errado ou que me sentisse ofendida: “Gabi... ta ficando meio tarde, mas eu to adorando o papo, não queria parar... Mas é que ta tarde... E, assim, hoje o meu pai vai dormir na academia e eu queria saber... assim, se você não quiser aceitar tudo bem... mas eu queria saber se você não quer ir lá pra casa pra gente conversar mais...”. Dessa vez meu coração quase se jogou no colo dele. Mas ele só saiu por um ouvido, quebrou o pára-brisa do carro com um explosivo e saiu gritando pelo meio da rua jogando aquelas espuminhas de carnaval. E aí, fiz o que anos mais tarde descobriria que ele achou uma gracinha: disse “não”: “Não posso. O pai do meu irmão ta aí, ele confiou em mim me deixando sair e comer uma pizza contigo, mas dormir na sua casa – e teria de ser escondido porque já está tarde e ele ta dormindo – não seria legal. Ele ficaria super decepcionado comigo”. E foi a ultima vez que eu vi o menino lindo, de olhos rasgados, sorriso largo, beijo bom e com nome de deus.

Nos falamos algumas vezes pelo finado ICQ. Ele sempre muito educado, charmoso, me elogiava, falava que nossa foto – aquela do shopping – estava no quadro dele. Ele lembrava de mim quando ouvia Red Hot. Mas eu estava de mudança pro Rio e não o veria mais, pelo menos não em longos 8 anos...

Minha vida seguiu, a dele também. Em meados de 2010 o achei no orkut, adicionei, conversamos pouquíssimas vezes e ele disse que eu continuava “gata”. Quase fiquei roxa, porque se meu namorado descobrisse o elogio, o contato, tudo, ele surtaria cuco-cuco. Fiquei noiva, fiz planos, rasguei todos eles e, em setembro de 2011, quando eu achava que minha vida estava acabada, procurei e o achei no facebook. E aí começa uma história que eu devia a mim mesma... à Gabi de 10 anos atrás.

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Viver é ser feliz, logo...

{ser feliz é o que interessa}

No último post estava na fase: tentativa de ser saudável. Resultado: a mesma merd* de sempre, com exceção do sentimento mais atormentador: CULPA.

Por agora não sinto mais isso, não sinto culpa por ter engordado, nem por ser motivo de risos, de estranhamento dos outros. Fod*-se o que o outro pensa.

Viver sem preocupações e crises existenciais é a melhor forma de curtir cada dia da vida. E posso afirmar que os últimos meses são de imensa satisfação e orgulho. Claro que ainda não consegui meu salário dos sonhos, pedi para ser demitida e não fui, chorei, ri e continuo no mesmo lugar. Porém conquistei muita coisa e mais do que nunca venho atingindo meus objetivos.

E qual é meu objetivo? Fazer o que tenho vontade!

Terminei faculdade, saí, comprei algumas coisas que eu precisava, me diverti muito mais. Mais do que nunca! Minha fase dos 16 aos 19 foi ser a gostosa, cobiçada e aprontar muito... dos 19 aos 25 foi o período de luta e crises, e desde os 25 (apenas alguns meses) está sendo o período de colheita. Estou colhendo aquilo que plantei, minhas lutas não foram em vão e minhas crises serviram para dar outro sentido.

Posso dizer que não passo mais vontade. Tenho sede e fome de diversão!!!

Não estou saindo tanto de casa, mas TODA vez que saio estou com as melhores pessoas possíveis. É muita risada e conversa fora. ADORO!

Se eu quero determinada coisa, corro atrás! Sou muito consumista e ao mesmo tempo solidária. Comprava para os outros e eu ficava a ver navios..... no more.
Sabe aquela wish list que todas nós temos? Cansei de mantê-la num papel e comecei a executar. Claro que com cautela, não adianta comprar tudo que vem pela frente e não honrar os pagamentos depois.
Mas agora posso dizer que terei aquele relógio que namoro há anoooooooooos e que nunca ganho de ninguém. Ou 'melhor', que falaram que iam me dar de presente de formatura e até agora nada, e nem tocam mais no assunto. Cansada dessa ladainha: eu te dou.... e não me dá nem um bom dia. Como não sou má educada, não cobro ninguém...... mas também CHEGA de ficar na vontade.

Cuidar do espiritual é necessário, então reflexões e momentos de inteiro relaxamento estão mais frequentes. Depois de um dia mega corrido, nada melhor que tomar um banho relaxante, colocar uma música e descansar. Hummmm, esquecer os problemas, ouvir o barulho da chuva.... muito bom.

E que tal planejar um fds longe de tudo e de todos? E pintar o cabelo de azul? Que tal tomar vergonha na cara e aprender a andar de salto alto? É! Isso mesmo! Toda essa felicidade surge de acordo com a ATITUDE! Deixei de ser medrosa e tomei atitude na minha vida, e espero que essa fase dure muitooooo tempo.
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Alive.

Cara, é sério que minha última (e única) postagem foi quando eu ainda sofria de amores pelo camarada lá? Putz! Enfim, devo um final a vocês, né?

Ok, lembra da mulherzinha do sorriso no face dele? Então, ela era mesma. Estão namorando e, segundo o facebook dele, mega felizes. Papo de “minha princesa” (criatividade ZEEEEEEROOOOOOOOOOOOOOOOO, colega, ZERO) e “meu príncipe” (fico me perguntando, será que ela beijaria o sapo que EU beijei? Whatever).

Vou dar aquela resumida: fomos juntos pro show do Red Hot em São Paulo; ele mentiu pra ela dizendo que estavam uns amigos também. Ele tentou me beijar várias vezes e eu não quis. Ele estragou meu rock in rio, porque furou comigo em cima da hora por causa da princesa. Desfizemos a união estável; chorei várias vezes... mas me recuperei. É, simples assim. Saí num sábado, umas duas semanas depois de ter terminado e conheci um cara lindo. Polícia Federal, barba por fazer, segundo lugar no concurso do TRT. Mas não fiquei. É que no dia seguinte eu ia conversar com o ex, e aí eu ia me sentir meio... sei lá. Meio mal. Imbecil. Deveria ter ficado porque o cara é lindo de morrer.

O fato é que eu entrei num ritmo frenético de saídas. Frenético de frenético. Segunda, quinta, sexta, sábado, domingo... Nunca havia feito isso. Me juntei com quem chamo de meu coração, pois uma é o S e a outra é o 2. Que delícia sair sem ter hora pra voltar, sem ter que dar satisfação, sem ficar com medo de cara feia no dia seguinte... que delícia! E que delícia conhecer gente nova, pessoas interessantes, fazer umas doideiras que eu nunca pensei em fazer. Eu estava viva. Eu me sentia viva.

Não sei em que momento eu entendi que estava mais feliz do que nunca. É claro que eu sentia falta, sentia saudade, mas eu jamais pensei em voltar para o que eu achava que era uma vida feliz. Cara, o que que a gente fuma nessas horas pra achar... pra achar aquilo que a gente acha na hora? Relendo minha postagem anterior, confesso, chorei no começo. Quando eu continuei a ler, eu botei a mão na cabeça e pensei “OI? Você tava imbecil? Tava doidona? Mongol? Que ideia de jumento, garota!”. Enfim, era o que eu estava sentindo na hora, injustiça me condenar agora. E eu decidi fazer uma tatuagem (duas, aliás, mas uma é segredinho de Estado, e só uma pessoa viu até agora... falarei sobre ela). Tatuei a palavra “passerà” no pé esquerdo. Explico. Eu sou muito ansiosa, imediatista, quero que tudo se resolva pra ontem. E eu acabo me atrapalhando muitas vezes. Não saber o que vai ser me angustia demais. Faz ideia nessa época que eu estava na fossa, querendo matar. E aí, um dia, eu tive uma catarse; tive, acho que pela primeira vez, a única certeza da minha vida em relação ao futuro: passa, tudo passa. Aquela dor que eu estava sentindo, aquele desespero, aquela tristeza, tudo ia passar. Porque tudo passou: paixão de adolescência, raivas, sentimentos bons... passaram. E então meu coração se acalmou, porque eu tinha certeza de que eu seria mais, melhor, mais cedo ou mais tarde. E assim o foi. Hoje sou mais e melhor. Mas hoje estou vivendo de novo um momento em que eu tenho que me agarrar nessa certeza... “se il tuo piccolo dolore, che sia odio, o che sia amore passerà” .

domingo, 2 de outubro de 2011 0 comentários

Vício, abstinência, recuperação.

Estava assistindo o show da Pitty no Rock in Rio e me deu vontade de escrever. Tudo por causa da letra da música "Na sua estante":


Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres e outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
curam (não)
E essa abstinência uma hora vai passar

Ela reflete MUITO o que eu senti por muito tempo. Essa coisa do vício, da abstinência, das feridas que não se fecham e não se curam. Viraram cicatrizes, e das feias. Fala sobre ficar na estante, ou pior: se permitir ficar na estante de alguém. Sobre estar o tempo todo ali sem ser vista...

Amor é bom, é muito bom. Desde que correspondido. É muito foda amar sozinha porque o outro nunca te amou ou deixou de te amar. E vai por mim, está aí o tipo de dor que pode fazer uma mulher se transformar em alguém muito melhor ou se acabar, morrer por dentro.

Acho que sou um pouco as duas coisas. Sou extremamente passional, então eu me acabo, morro por dentro, mato todos os sonhos que criei ao lado do cara, sofro por cada morte dessas e depois me transformo, aos poucos, em alguém melhor.

Lembro que ficava revoltadíssima quando alguém me falava isso, esse lance de "ficar melhor". Eu não estava melhor porra nenhuma, eu estava uma merda. Mas eu precisava parecer melhor. E acho que de tanto fingir, uma hora vira realidade (isso vale para quase tudo na vida, menos orgasmo e dinheiro).

Essa coisa de amor, relacionamento, "solteirice" é uma coisa que tem um peso enorme na minha vida. E olha, juro que não queria que fosse assim! O fato é que esse tipo de situação me transformou em alguém que julgo ser melhor. E se não for melhor, é o que tem pra hoje. O que adianta achar que eu era a melhor pessoa do mundo quando namorava o fulano se ele não quer mais namorar comigo?

(se bem que no meu caso não tem muito o que filosofar: é ÓBVIO que estou melhor hoje, porque aquelas pessoas ao meu lado não permitiam - por elas e por mim - que eu fosse exatamente o que eu gostaria de ser de fato)

Acho que a gente começa a pirar menos nessa coisa toda quando digerimos a idéia de que por mais que exista amor, cada ser humano é ÚNICO, pensa e sente INDIVIDUALMENTE. Os sonhos podem ser compartilhados, mas uma hora um dos sonhadores pode querer outros sonhos, outras coisas, longe de você. E aí? Surta, sofre, se acaba, morre por dentro. É como o Facebook: você deleta o álbum fofolete "Eu e o Creysson (L)" chorando rios e decide fazer um só seu: fotos sozinha, fotos com a família, com os amigos, nas atividades que você gosta... Dali um tempo esse álbum vai ficando mais legal, totalmente com a sua cara, cheio de vida. Porque ele é SEU.

Acontece assim com a vida de um modo geral. Você, a princípio, tem quase nada que é SÓ SEU logo após um término. Cabe a você ter paciência para ir preenchendo o "álbum" e deixá-lo com a sua cara.

É um período difícil, de dor, de medo, de insegurança. A gente se agarra a certezas muito incertas, porque sem elas não temos forças para levantar e seguir. E não existe outra opção senão SEGUIR. Você pode até querer ficar presa ao PASSADO na esperança de que ele volte a ser o seu presente. Mas acredite: viver presa a uma esperança de volta, a uma clausura do tipo "só era bom com ele, ninguém é tao bom quanto ele era" é como sentar em uma calçada e ver a vida passando na sua frente (a sim, e isso inclui o seu ex passando na sua frente tocando a vida dele como se nada tivesse acontecido), lambendo suas feridas, lamentando as mancadas dele e as suas... Você se prende sozinha na estante dele, onde ele guarda coisas que não lhe são mais "úteis". Cabe a você sair de lá e viver. Uma hora alguém decide que você é exatamente aquilo que ele gostaria de ter não na estante, mas ao lado.

O que você PRECISA saber é que: não importa o quanto você queira reviver o passado, isso não vai acontecer. Pode até voltar com o cara, mas será totalmente diferente (porque o mundo é o objeto daquele que o vê; o sofrimento faz a gente mudar e enxergar TUDO de outra forma, inclusive o cara).

Não importa o quanto você acredita naquela relação: se ele não acredita, ela não vai acontecer.

Não importa o decorrer do tempo... Se você não decidir de coração EXPULSAR essa pessoa da sua vida e do seu coração isso não vai acontecer. Aquilo vai te perseguir como uma sombra, um fantasma POR QUANTO TEMPO VOCÊ PERMITIR (e nem me venha com: "é que é amor de verdade e esse a gente nunca esquece... sabe, ele me ama também mas fica confuso, ouve muito os outros e volta comigo, depois some de novo.... mas é o amor da minha vida" - me dá vontade de ESMURRAR até voltar a realidade!!!!!!).

Não importa, NÃO IMPORTA MESMO O QUE A OUTRA PESSOA TE DIZ, SE TUDO O QUE ELA FAZ DIZ EXATAMENTE O CONTRÁRIO. Amor é feito por ATITUDES, e não palavras.

Não importa o que as pessoas te digam, a gente SEMPRE faz aquilo que no fundo sempre quer fazer e só precisa de um empurrãozinho. Isso é importante pra te levar a EXAUSTÃO. Você vai teimar TANTO em fazer algo que TODOS te dizem que vai te magoar que uma hora você mesma vai cansar. Vai ficar tão acabada, tão sem forças que... Que uma hora você levanta e vai se reconstruindo.

Não importa como foi a relação de vocês. Na grande maioria das vezes, seu ex NÃO É SEU AMIGO. Não vou falar que ele quer te manter em banho maria para te comer quando ninguém o quiser ou que por pura vaidade ele quer ter o prazer de te manipular porque se você está sofrendo agora, você vai pensar que os outros homens podem ser assim, mas o seu ex perfeito e maravilhoso NÃO, porque ele É perfeito e maravilhoso... Tsc tsc.

E finalmente, o mais importante:

NÃO IMPORTA O QUANTO VOCÊ SOFRA, NÃO IMPORTA O QUANTO VOCÊ JÁ SOFREU. SEU CORAÇÃO É PLENAMENTE CAPAZ DE SE RECUPERAR E AMAR DE NOVO! Você é totalmente capaz de ser feliz, ainda mais do que (pensava que) era!

O mais incrível dessa vida é que você pode virar o jogo, crescer, melhorar e MUDAR todos os dias. Todo dia, quando o sol aparece, temos a oportunidade de fazer tudo diferente, e isso nos permite amar de novo, e de novo, e mais uma vez.

É essa capacidade de mudar, de tentar de novo, de não desistir, de sempre dar o seu melhor que eu chamo de FELICIDADE.


 
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